A queda de um avião:
Sou José Damasio Filho, nascido em Marcílio Dias, em 30 de abril de 1949.
Na década de 50, quando eu tinha 6 anos, me lembro que os índios caminhavam á noite, em grupos. Nunca soube para onde eles iam, pois só conseguia escutar seus passos.
Onde hoje é a prefeitura, existia uma estação ferroviária, com aquele cheiro insuportável de fumaça, vindo dos trens movidos a vapor, que levavam vários tipos de produtos comercializáveis para outras regiões de Santa Catarina. Em 1954, um avião caiu na estação ferroviária. Só havia o piloto no avião, ele se feriu gravemente, mas não morreu.
Tenho saudades dos velhos tempos, quando as casas eram mais simples, quando a luz era de lamparina, e as famílias eram unidas. Quando estava muito frio, toda a família se reunia em volta da fogueira para contar histórias, era muito bom, mas hoje a garotada nem quer saber das nossas histórias, essa geração foi comprada pela tecnologia, não sai da frente do computador nem para tomar um café à mesa, com a família.
Dona Rosa
Logo que cheguei, dona Rosa já abriu um simpático sorriso. Recebeu-me com uma breve pergunta:
- O que você quer?
Falei que eu estudava no Cabral e precisava fazer uma entrevista com pessoas idosas, para um trabalho na escola. Então ela começou, espontaneamente, a me contar sua história:
“Ah, eu moro aqui faz uns 22 anos, se não for mais, menos não vai ser.
Como antigamente não era obrigatório estudar, eu estudei apenas até a primeira série. No meu tempo, tudo era mais difícil, principalmente o transporte. O padre tinha que rezar a missa só cada três ou cinco anos no lugarejo onde eu morava, pois a estrada dificultava o caminho. Às vezes, iam buscá-lo de carroça.
Mas Canoinhas melhorou e cresceu bastante. Bem antes, o centro da cidade começava lá no Rio canoinhas e ia até onde começava o mercado Novo Mundo. A diversão dos jovens era ir aos domingos no cinema, que se localizava onde agora é o Cine (uma danceteria onde os jovens de hoje vão para se divertir)
Os casamentos eram lindos e especiais para toda a família, a festa durava de dois três dias, só de diversão e sem nenhuma briga. Não eram iguais aos de hoje, quando as pessoas casam e logo separam, eram para o resto da vida. Só não estou com o meu marido ainda porque ele faleceu, se não, íamos estar aqui firmes e fortes”.
Quando cheguei para falar com seu Nivaldo Soares Moreira, achei muito engraçado o jeito dele, ele tem muito orgulho do seu nome e fez questão de que eu escrevesse o seu nome completo.
" Eu vou contar da enchente de 1983, tá bom? - Disse ele, animado. Então narrou-me o seguinte:
As ruas alagaram, tínhamos que passar por elas de barco. Alagou desde a estação até a caixa d' água, mais de 500 famílias ficaram desabrigadas.
Nos dias 29 e 30 de outubro de 1988, quando o prefeito era seu José João Klempous, houve uma grande festa, e Canoinhas ficou conhecida como a capital mundial da Erva-Mate”
Entrevistadora: Francis Isabela de Souza
Serie: 6º1
Leite quente pra dormir
Dona Emilia, minha avó, é uma pessoa guerreira. É uma pessoa totalmente extrovertida. Quando a entrevistei, ela começou falando tudo sobre sua infância, depois me contou muito mais:
’’Minha infância foi a parte mais legal da minha vida e foi marcada por uma coisa: quando eu era pequena, não ia à escola. Me arrependo tanto! Não sei ler nem escrever, ficava brincando de bola e boneca. Minha mãe me dava leite quente tirado da vaca, leite bem quentinho pra poder dormir. Se não tomasse leite quente, não conseguia dormir. Eu trabalhei desde o começo da minha infância. Por não saber ler e nem escrever, eu vendia tapete e fronha de travesseiro, andava de casa em casa, voltava para casa com todas as mercadorias, pois as pessoas não compravam. Nos dias em que eu não conseguia dormir, além do leite quente, mamãe ainda contava uma linda história, então eu dormia feito um anjo. Depois de muitas horas de serviço, chegava em casa correndo para escutar minha novela no rádio.
Hoje a modernidade tomou conta de tudo, já existem TV em cores, computadores, asfalto em praticamente todos os lugares. Ao cinema, fui uma vez, confesso até que fiquei com medo, ficou tudo escuro, o volume era alto, uma tela gigante, parecia que aqueles bichinhos iam me comer, de tão grandes. E, ainda por cima, minha filha me levou para ver um filme legendado, aí ficou difícil.
Quase não existiam lojas, nas poucas que existiam, os preços eram muito altos. Quando os carros passavam lá por casa, eu e os meus irmãos saíamos correndo atrás. As casas eram pequenas e não mansões como são hoje, eram pequenas casinhas de madeira.
Eu me casei cedo e dependia do meu marido. Passei minha vida casada com ele, depois me separei. Ele já é falecido, não fiquei triste, segui minha vida normal, não me arrependo. Hoje tenho 91 anos, sou feliz e alegre, me acostumei com a modernidade.”
Nicole Dranka da Maia e Ketlin Iarrocheski Deniz Rosa
Tempo de menino
No tempo em que eu era um moleque travesso, aprontava muito, adorava jogar futebol no campinho, perto de casa.
Corríamos de nossos pais, eu e meus amigos, para nadar no Rio Canoinhas.
A minha casa era simples, feita de madeira, mas com bastante espaço.
Brincávamos de bets e de carrinho de rolimã, sem nos preocupar com os carros.
Estudei no Cabral vários anos, as carteiras onde estudávamos eram duplas, um ajudava o outro, mas na hora da prova cada um tinha que virar para um lado e se virasse para ver a prova do outro, levava um zero.
Com os meus 13 anos, arrumei meu primeiro emprego, varrer o chão de uma oficina. Ganhava pouco, mas deu para comprar uma bicicleta.
O meu casamento foi muito importante, pois construí uma família.
Até hoje, nunca me esqueço do meu tempo de menino
Aluno: Bruno Reese
Informante: Rubens Veiga Reese
A enchente
Canoinhas nunca havia sido descrita com tanta simplicidade e carinho, como foi por Dona Eugênia Gonchorek de Castro, aos seus 81 anos, 36 desses vividos nessa cidade.
Com sua voz cansada, ela narrou sua história:
“Eu vim morar em Canoinhas em 1974, logo após meu casamento. O fato que mais me marcou foi a enchente de 1983, algo que, quando relembro, me emociono. Esta enchente destruiu muitas casas.
A casa que meu marido e eu compramos não foi atingida. Quando estava em meu quarto, podia ouvir as estava em meu quarto, podia ouvir as charretes passando na estreita rua de terra.Outra lembrança de minha casa era meu quintal, o cheiro dos temperos eram tão intensos que até hoje estão em minha memória.
Eu plantava alfaces e batatas em um outro terreno, ainda lembro da sensação da terra molhada em minhas mãos.
Naquele tempo, não havia consultórios médicos, faculdades e creches”.
Hoje, Eugênia ainda vive na mesma casa com alguns de seus filhos e netos.
História de seu Joaquim
Meu nome é Joaquim Pereira tenho sessenta e quatro anos. Trabalho na agricultura com máquinas agrícolas. Vou contar meu difícil passado:
Quando eu era criança, eu me divertia com meus amigos nas valetas e lagos, nadava até cansar.
Quando chegava a casa, a janta estava pronta, assim que eram seis horas, eu e minha mãe íamos dormir, porque naquela época não havia luz.
Minha mãe dizia:
‘’ Aproveite ,meu filho porque o tempo passa. Quando completar dez anos, vai me ajudar no trabalho. ‘’
Eu, que tinha oito anos, não dava muita atenção para o que minha mãe falava e ia brincar com meus amigos.
O tempo passou voando, quando completei dez anos, fui ajudar minha mãe, e vi como era difícil o trabalho.
Quando completei doze anos, minha mãe faleceu de câncer, e fui morar com minha tia, que cuidou muito bem de mim. Eu trabalhava todo dia e nunca fui à escola. Essa é uma história verdadeira.
Eu sou um senhor aposentado, com sessenta e quatro anos, e hoje faço de tudo um pouco...
Zenilda e sua vida
Nasci e cresci aqui em Canoinhas.
Educada na Igreja Católica, ia todos os domingos à missa.
Quando tinha 9 anos, ia todos os sábados na catequese. No dia da minha comunhão, estava com o braço quebrado.
Naquele tempo, a escoa era difícil, eu estudava na escola Imã Maria Felicitas, mas não terminei o primeiro grau. Os professores davam com uma palmatória em nossas mãos, mas é claro que faziam isso só se nós fizéssemos alguma coisa errada.
Casei- me em 1993, tive minha filha em 1998.
Cinco meses depois que tive minha filha, me mudei para o bairro Cristo Rei, onde moro até hoje.
O ano de 2005 foi muito triste: meu pai, já com 98 anos, faleceu.
Hoje vivo com meu marido, minha filha e minha mãe. Sou muito feliz.
Entrevistada: Zenilda Trindade P.
Nome : Luana zeni
As Historias da vida de Nestor
Eu sou Nestor Correia, nasci em 1928 e estou com 84 anos, cresci em Palmital, município de Canoinhas, onde estudei.
Na época, todas as crianças humildes usavam roupas feitas em casa por suas mães e avós. Todos trabalhavam: as meninas mais velhas iam a roça e ajudavam em casa, os meninos ajudavam alimentar os animais e iam a roça,todos iam a escola no período da manhã e ajudavam seus pais a tarde.
Na escola, os alunos eram castigados: ajoelhados sobre o milho, levavam palmatórias, e não podiam contar para os pais porque os pais iriam ver o que havia acontecido e as crianças apanhavam em casa, então a sala era quieta, só quem falava era o professor.
Na hora do recreio eram meninas para um lado e meninas para o outro, não podia correr, e tinha que levar o lanche de casa.
As crianças andavam descalço, só colocam calçado quando iriam passear ou ir a missa. Eles só andavam de cavalo, e charrete, carroça só para transportar algo.
As ruas eram de pedras ou de terras e nós achávamos divertido sair de carroça para Canoinhas.
Agora o que resta são só lembranças, e conto esses historias aos meus netos.
Nome: Nestor Corrêa
Aluno: João Gabriel
Série: 6ª 2
História de Alfredo
Já era tarde quando cheguei à humilde casa de Seu Alfredo, que é um Senhor de 71 anos de idade. Ele estava na cozinha, sentado em uma cadeira. Lentamente, começou a lembrar da cidade do passado...
“Anos atrás, Canoinhas ficou movimentada com o início da agricultura variada e da venda de produtos rurais.
Gostava muito dessa época. Um dos meios de transporte de cargas de madeira era a estrada de ferro, com trens, que também podiam transportar pessoas e produtos.
Nesta época, alguns dos principais meios de transportes, além do trem, eram as bicicletas, as carroças e os cavalos. Mais tarde começou a utilização de caminhões.
No interior e nas cidades não havia energia elétrica, a iluminação dependia da utilização de lampiões de querosene, de velas e lanternas.
Lá também, onde eu morava, a água era puxada de poços ou rios, e na cidade também não havia água encanada ou esgoto, como hoje. Banheiros eram chamados de “patentes” e ficavam do lado de fora das casas.
O comércio da época não era tão grande como o de hoje, não havia as lojas e mercados.
Hoje em dia, tudo mudou: estradas asfaltadas, métodos de transporte variados, entre eles, os carros, motos, aviões e navios.
Não havia hospitais e o médico atendia em casa, não era fácil até para comprar remédios para quem morava no interior, às vezes, demoravam-se horas para chegar à cidade e ao destino que se queria.
João Zimmermann é aposentado e ex -ferroviário, nasceu em Canoinhas no dia 25 do mês de março no ano de 1917, atualmente ele tem 93 anos.
Sua infância foi difícil, pois era de família humilde, para ajudar seus pais ele era coroinha e viajava com os padres pelo interior, a cavalo.
Ele não tem saudade desse tempo, porque praticamente não teve infância, tinha que trabalhar desde pequeno. Brincava de nadar no rio e andar de carrinho de rolimã.
Aconteceram muitas mudanças com nossa cidade desde essa época. A região era bem pouco povoada, existiam poucas casas.
A escola aonde ele estudou chamava-se Cristo Rei. Antigamente, os professores eram brabos, castigavam os alunos batendo em suas mãos quando não faziam os temas.
Antigamente, não havia muita violência e sim respeito com as pessoas.
Aluno: André
Informante: João Zimmermann
O SEXTO MORADOR
Eu, Emilio Scholz, imigrei da Alemanha aos meus 14 anos, juntamente com meus pais. Ao fixar moradia em Mafra, achei que não iria me acostumar. Morei em Mafra por três anos, até meu espírito desbravador falar mais alto.
Sai de Mafra e, por ironia do destino, fixei moradia num lugarejo. Seis anos depois, esse lugarejo foi elevado a categoria de município, recebeu o nome de Colônia Ouro Verde, depois Santa Cruz e finalmente Canoinhas. Eu ergui a sexta casa aqui.
Naquele tempo, não era preciso comprar ou herdar terrenos, era só chegar e falar:
- Esse é meu!
Por isso, adquiri vários terrenos, mas como a variedade de sementes era pouca, não valia a pena ter muitos terrenos.
Da escola, não tenho nem um pouco de saudades, lembrar dos castigos como palmatórias, ou se ajoelhar no milho, ou mesmo os dois juntos, não é nada bom!
Nome do autor: João Vitor Zattar.
Informante: Emilio Scholz.
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